Criança já tem padrão de beleza?

Se você acha que criança não se preocupa com padrão de beleza, olhe de novo para a foto dessa postagem. Uma menina que brinca de Barbie certamente a coloca como seu ideal de beleza. E hoje eu não vou falar sobre cor do cabelo/cor da pele, ou outras coisas que a Barbie representa, mas sobre o corpo.

Dizemos hoje em dia que não se deve elogiar ou diminuir corpo de ninguém, principalmente feminino. Assim, diminuímos a necessidade de se enquadrar em alguma “beleza” impossível, mas precisamos fazer além disso.

É claro que é importante eliminar do nosso vocabulário frases como: “Se continuar comendo assim vai ficar enorme”, ou “Como você está magrinha, não está comendo?”. Ninguém precisa comentar sobre o corpo de ninguém, não somos exposição. Mas também precisamos ensinar nossas crianças que o que importa não é a nossa carcaça, mas sim o que temos por dentro. Nosso corpo é nosso e devemos amá-lo do jeitinho que ele é. Me faça um favor e ao invés de dizer algo tóxico diga a uma menina que ela é bonita do jeito que ela é, e que não precisa mudar em nada.

Já que não podemos mudar a indústria e fazer bonecas mais parecidas com a realidade, vamos pelo menos mudar o nosso discurso. Dessa forma, tenho certeza que nossa crianças se sentirão mais confiantes e com menos pensamentos autodestrutivos por aí.

 

 

 

 

Vamos falar sobre consentimento

Escrevi um post sobre Abuso sexual (aqui) e como ajudar o seu filho a se defender ou perceber que algo não está certo. Hoje quero falar sobre consentimento, não importa necessariamente a idade da criança, mas é importante que ensinemos consentimento para os meninos e para as meninas desde bem pequenos.

Primeiro de tudo, nossa cultura brasileira nos ensina que somos “pouco donos do nosso próprio corpo e desejos”, principalmente as meninas. Crianças são ensinadas desde bem cedo que devem fazer o que as mandam com o seu próprio corpo. Estou aqui para propor uma mudança nessa abordagem, não importa a idade, é sempre bom manter essa conversa atual com os filhos/alunos.

Se o corpo é nosso, deveríamos ter o direito de fazer o que quisermos com ele, certo? (claro que não estou tratando de segurança, mas de socialização). Se uma criança abraça uma outra a força, não me parece legal e deve ser conversado. É preciso pedir para encostar no corpo do outro, e por mais simples que isso possa parecer, é dessa forma que podemos combater os abusos.

Se eu ensino para a minha filha que ela TEM QUE abraçar tal pessoa, não estou a deixando livre para tomar as suas próprias decisões com o seu corpo. Talvez aquilo a deixe desconfortável, mas ela faz mesmo assim, pois foi mandada. Parece uma besteira, mas acredite, é importante ensinar as crianças a estabelecerem barreiras no próprio corpo: se te incomoda/desconforta, não faça.

Incentivar demonstrações de afeto é maravilhoso, desde que os dois estejam de acordo. Mas como eu sei se existe desejo dos dois lados? Simples: pergunte! Fulana, você quer dar um abraço no fulano? Fulano, pergunte para sua amiga se ela quer receber um abraço! Fulana, percebi que está triste, posso te dar um abraço?

Além do mais, reconhecer os próprios desejos são habilidades brilhantes para desenvolver na Educação Infantil. Até quanto eu me sinto confortável? Quando preciso dizer que não estou mais gostando? Até onde é o meu limite. Vamos pensar sobre o jeito que estamos educando nossas crianças, é o nosso futuro!

 

Diferenças entre punição e consequência natural

Por que nós professores temos tanto pavor de punição? Além de ser uma palavra muito forte, não surge o efeito que deveria. As crianças não tem uma abstração mental tão desenvolvida para perceber que ela está de “castigo” por algo errado que fez.

Vou explicar:

Se eu tenho um aluno que está batendo/mordendo o que eu chamaria de punição: dar uma bronca e colocá-lo para pensar sentado afastado dos amigos. Você acha mesmo que colocar uma criança para pensar vai fazê-la refletir sobre seus erros e como poderia ser uma pessoa melhor? Isso é exigir um amadurecimento que a criança não tem. Não podemos exigir mais do que ela pode nos dar, é covardia. Desgasta o nosso relacionamento com a criança a toa, e nos faz criar uma certa “birra”, pois a todo momento estamos excluindo do grupo e expondo para os demais.

Castigo para pensar só estressa, envergonha e desestimula qualquer criança. 

Mas então qual a solução?

A diferença da consequência natural, seria uma intervenção menos traumática para a criança, mas que tem muito mais efeito, pois ela depende e se adequa a qualquer situação. Se uma criança morde, na hora da mordida eu corrijo o comportamento (dizendo: mordida machuca o amigo, nós fazemos carinho), mas não excluo da situação. Chamo a criança para ver o que ela fez e ajudar a cuidar do amigo que ela machucou (levando para lavar, passando um creme, colocando gelo).

Muitas vezes a criança só está fazendo para chamar a atenção do adulto. Não dê atenção (bronca, castigo) em situação negativa. Por outro lado, dê muita atenção positiva quando a criança fizer algo certo, corajoso, independente, amigável.

Em outros casos, se a criança estiver tendo um comportamento inadequado em uma atividade, eu simplesmente direciono ela para outra brincadeira. Se ela não está sabendo se comportar, eu pego na mão dela e ofereço outra possibilidade dizendo: “Estou percebendo que você não está conseguindo dividir esse brinquedo, deixe ele aqui e vamos procurar outro”.

O segredo é a firmeza e a constância, não gritar, não demonstrar para a criança que aquilo te irritou. Proibir a criança de comer, brincar ou participar não é solução.

Crianças independentes emocionalmente tem menos chance de desenvolver problemas psicológicos na adolescência e fase adulta

A gente, em educação, fala muito sobre autonomia, independência, colocar o sapato sozinho, comer sozinho, e etc… mas raramente se discute onde a independência emocional entra nessa conversa. Mas o que é a independência emocional? Como eu trabalho ela com meus filhos/alunos?

Na educação, uma das coisas mais difíceis é saber separar o nosso emocional do emocional da criança. É muito gratificante saber que tem um serzinho que depende de nós para se sentir melhor, se acalmar e se controlar. Mas isso está errado, o adulto não pode projetar a sua carência em cima da criança, é uma responsabilidade do adulto. A criança precisa aprender a se acalmar sozinha, faz parte do crescimento e amadurecimento.

Crescer é conhecer o próprio corpo e entender os diferentes alertas que ele nos manda, identificar e solucionar o tempo inteiro. O adulto ele serve de apoio, de ponto, mas nunca o “salvador da pátria”, o que chega, pega a criança no colo e diz que vai ficar tudo bem. Não transfira o problema da criança para você, dessa forma não estará ajudando, muito pelo contrário, estará mostrando para a criança que ela pode depositar seus problemas em alguém. Até chegar um momento que a vida nos mostra que precisamos fazer escolhas, reconhecer sentimentos, prevenir surtos ou saber lidar com eles. Se não aprendermos quando criança, fica muito mais difícil quando crescemos.

Mas então qual o papel do adulto? Saber identificar quando interferir e quando “deixar”. Estar sempre do lado é necessário, ser a fonte de segurança é importante, mas não confunda estar do lado com “solucionar” o problema para a criança. Ensinar maneiras de se acalmar sozinha é um bom começo, ajudar com as estratégias (beba um copo de água, respire fundo, chore, grite…) identificar os sentimentos junto com a criança (você percebeu que ficou nervoso? isso que você está sentindo é medo/raiva/fome) criar soluções junto com a criança (você acha que isso foi uma boa ideia? O que podemos fazer diferente?)

Tudo isso são ferramentas para trabalhar inteligência emocional. Educar não é estar em evidência, é deixar a criança agir, mas estar sempre do lado para que ela saiba a quem procurar.

 

Como conversar sobre abuso sexual – até onde uma conversa pode ensinar o seu filho a se defender

Hoje em dia parece que fica cada vez mais explícito quantos casos de pedofilia/abuso infantil passaram muito perto de nós, mas ninguém sabia, ninguém falava. Uma vantagem de ouvir as histórias dos outros, pode nos alertar a como lidar, o que esperar e em quem confiar quando uma criança relata algo “estranho” acontecendo.

Para a criança saber que tem algo “estranho”, ela precisa saber o que não deve esperar de algum adulto, amigo, parente. A partir dos 2 anos de idade, já podemos começar a conversar sobre consentimento. Não com essa palavra, claro. Mas podemos começar a explicar que o corpo dela é SÓ dela e quem decide o que quer fazer, quem pode encostar é unicamente ela. Mas como:

  • Ensine o seu filho a pedir licença para encostar no corpo do outro: “Posso te dar um abraço? Posso te dar um beijo?” Se a criança não quiser, ela deve ser respeitada. Não devemos forçar as crianças a cumprimentar aquele parente distante com um beijo e um abraço se ela não quiser, assim, ela entenderá que ninguém pode a obrigar a fazer nada que ela não se sinta confortável com o seu corpo.

Devemos ouvir e confiar na criança em tudo o que ela nos fala. O adulto tem mania de não querer ouvir certas coisas desconfortáveis e colocam a culpa na imaginação da criança. Sejamos sensatos, sabemos o quanto deve-se saber sobre sexualidade com cada idade. Uma criança de 5 anos que fala sobre sexo oral não é apenas imaginação. Uma criança que detalha uma relação sexual não sonhou e acordou sabendo.

  • Dizer que a criança pode se sentir confortável para contar algo que a esteja incomodando, que não será julgada e não será punida é um bom começo. “Filha, você sabe que pode contar qualquer coisa pra mamãe, né? Mesmo que seja alguma coisa que você tenha medo ou que você ache errado. A mamãe sempre estará aqui pra te ajudar”.

Muitas vezes, em casos de assédio, a criança é ameaçada e tem muito medo de falar, por isso a cumplicidade e a confiança são muito importantes. Desconfiar o tempo todo do seu filho/dizer que o que ele está se queixando é besteira são um prato cheio para alimentar ainda mais o medo de falar.

  • Ensinar que ninguém tem o direito de encostar no seu corpo, MUITO MENOS nas suas partes íntimas e que se alguém um dia fizer isso, a culpa não é sua. Nem se a pessoa ameaçar contar para os seus pais. Nem se te oferecerem doces em troca. NUNCA, nem se for um adulto conhecido dos seus pais. Nem se for alguém que sua mãe gosta muito.

Assédio é um assunto muito sério e a grande maioria dos pedófilos se aproveitam da ingenuidade das crianças para fazerem o que quiser. Sabemos que os pais as vezes não conseguem ficar de olho em absolutamente tudo o tempo todo, então confie na educação que você deu para os seus filhos e não o repreenda quando ele vier te pedir ajuda.

Fica aqui um vídeo, em inglês, para trabalhar consentimento com crianças bem pequenas:

 

 

Como abordar sexualidade na infância – entrevista com psicóloga

Quando começa a sexualidade? Com qual idade a criança manifesta interesse sexual? Por que é importante trabalhar sexualidade na infância?

Como sempre recebo esse tipo de pergunta, resolvi entrevistar uma psicóloga que conta um pouco da sua experiência com crianças de 4 a 6 anos.

1.Qual a sua concepção de sexualidade?

A minha concepção de sexualidade é aquela que se adequa ao desejo do sujeito, ou seja, aquela com a qual o indivíduo se identifica. Sexualidade é construído individualmente e socialmente através dos laços culturais.

2. Quando acredita que a sexualidade começa a se desenvolver no ser humano? Por quê?

A sexualidade começa se desenvolver desde a hora que ele nasce. Porque é o primeiro contato com seu mundo real.

3. O que considera como manifestações sexuais na infância?

Tudo aquilo que dá prazer a criança: por o dedo na boca, amamentação, toques, etc…

4. Acredita haver manifestações sexuais na criança com idade de 0 a 3 anos? Se sim, o que considera sexual nesta faixa etária? Se não, por quê?

Sim, amamentação no seio, por o dedo na boca, toque nos genitais. São sexuais porque são ações que evocam prazer.

5. Acredita haver manifestações sexuais na criança com idade de 4 a 6 anos? Se sim, o que considera sexual nesta faixa etária? Se não, por quê?

Sim. Essas manifestações ocorrem a partir do toque. Algumas crianças se tocam, estão conhecendo seu corpo e conhecendo o que as dá prazer também.

6. Já presenciou alguma situação de manifestação sexual na infância? Descreva a situação.

Sim, várias. Crianças se esfregando em brinquedos no momento do parque. Esfregando suas genitais contra brinquedos (trepa-trepa, mesas de cantos arredondados).

7. O que pensaria e como agiria diante das perguntas das crianças sobre “como nascem os bebês”?

Depende do que a criança quer saber. As vezes a malícia está na cabeça do adulto. A criança pode só estar perguntando como ela nasceu, aí a resposta deverá ser adaptada: da barriga da mamãe, fomos no hospital e o médico tiro você de dentro da mamãe. Agora, se a criança estiver querendo saber sobre o ato sexual, também deve ser um assunto tratado com naturalidade, mas sempre com a linguagem adaptada.

8. O que pensaria e como agiria se encontrasse crianças tentando ver os órgãos sexuais umas das outras?

Tentaria entender por quê querem fazer isso, perguntando-as: “Fulana, o que você está querendo ver aí? Está curiosa?”. A partir de sua resposta, uma das possibilidade de manejo seria explicar que todos nós temos as nossas partes íntimas, e normalmente elas são mostradas em momentos íntimos. Existe uma diferença anatômica entre o pênis e a vagina e as crianças vão notar isso.

9. O que pensaria e como agiria diante de uma criança que se masturbasse em aula?

Depende. Se é uma situação que eu preciso da atenção dela (roda, tarefa), eu chamo sua atenção, não como uma forma de repreensão, mas como um chamado que seria igual se ela estivesse fazendo qualquer outra coisa. Se ela está fazendo isso no parque eu acho que eu direcionaria sua atenção para outra atividade. Porém, conversaria com ela sobre uma questão de privacidade, se esse assunto surgisse. Diria que talvez fosse melhor mexer nessas áreas num ambiente mais recluso, e perguntar qual é sua opinião, certificando de que ela entendeu meu pedido.

10. O que considera ser o papel da escola e o papel dos pais no ensino dos conteúdos relacionados à sexualidade das crianças?

Acho que não existe essa divisão. Acredito que a escola e os pais devem trabalhar conjuntamente para que a sexualidade infantil seja vista como uma curiosidade. Porém, no caso de ignorância dos pais, é papel da escola, como portadora desse conhecimento, apresentá-lo aos responsáveis pela criança.

11. Em que situações os pais devem ser convocados pela escola para uma parceria de trabalho no que se refere à sexualidade infantil?

Acho que os pais sempre devem estar cientes da presença da sexualidade na criança. É importante que haja uma conscientização disso. Porém, eles devem ser chamados em situações que fogem do “comum” como uma situação que fere a integridade do grupo, ou que provoque sofrimento a alguma das partes.

12.A sexualidade é um tema que deve ser trabalhado pela escola? Por que e de que maneira?

Sim, sempre. A escola deve sempre conversar sobre temas a medida que eles apareçam em sala de aula. A sexualidade deve ser conversada sempre de maneira natural, para não ser repreendida e se transformar em tabu. Conforme as crianças forem crescendo a linguagem deverá ser adaptada, para que na escola, pelo menos, seja um ambiente seguro para conversar sobre isso.

 

Vamos falar sobre gênero?

Sabe aquela convenção antiga de que menino usa azul e menina rosa? Ou pior: menina usa várias cores, mas menino não pode, vai ferir a masculinidade dele. Gente, vem cá, precisamos falar sobre isso.

Quem aqui se sentiria incomodada se o filho pedisse pra comprar uma boneca?

Vou ser bem sincera: cores, brincadeiras, bonecas, livros, não tem gênero. Não existe brincadeira de menino ou menina, existem brincadeiras que desenvolvem habilidades, amadurecem, trabalham coletividade, respeito…

Você que tem filho e priva ele de brincar de boneca, casinha, cozinha, não é de ser uma dona de casa que você o está protegendo. É de conviver em grupo, de aprender a dividir tarefas, de brincar de de faz de conta, relacionar a brincadeira com o papel social, fantasiar, desenvolver criatividade.

Já ouviu falar que menina amadurece mais rápido? São mais bem resolvidas? É justamente por isso. A menina, em geral, tem maior flexibilidade na hora de brincar, tem mais possibilidades. Ninguém restringe suas escolhas. E aí eu te pergunto: por quê você faz isso com o seu filho? É equivalente a trancar o seu filho num quarto e o impedir de brincar, não tem vantagem. Cria-se uma barreira tão grande entre os gêneros que os meninos crescem e ficam uma vida inteira precisando provar sua masculinidade, pois tem certas coisas que eles não “podem” fazer.

Pense bem na próxima vez que for restringir brincadeiras, isso não é saudável, nem para a criança e nem para a sociedade. Criamos meninos com inteligência emocional inferior às meninas, daí a necessidade de desmerecimento e auto afirmação o tempo inteiro.

Ah, só pra lembrar: Sexualidade se define por desejo, atração, jamais por brincadeiras.

Cada vez mais novas, meninas são diagnosticadas com transtorno alimentar – o terror da cultura moderna

Para quem acha que eu estou exagerando, vou te contar uma história que aconteceu na escola que eu trabalho semana passada: na sala de preschoolers (3 anos de idade) uma mãe foi se queixar de que sua filha havia reclamado de que o banheiro da escola estava quebrado. Como a situação ocorria diariamente, e a mãe já estava preocupada, pois a menina se trancava no banheiro quando chegava em casa e lá ficava, as vezes até 1 hora, afirmando que na escola não tinha mais banheiro para usar. Nitidamente preocupadas, as professoras disseram que não havia banheiro nenhum quebrado e que ninguém tinha notado nenhum comportamento diferente na aluna. Pois bem, no dia seguinte a mãe entrou no banheiro e percebeu que sua filha ficava em frente a privada forçando o vômito todos os dias depois de chegar da escola.

 

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Esse relato te choca? A mim me chocou a ponto de eu não conseguir parar de chorar quando voltei pra casa. Eu não sei direito o que pensar quando vejo que meninas de 3 anos já estão sofrendo com o próprio corpo.

Fico me perguntando quando vamos olhar o nosso corpo como saúde, como algo que nos carrega, que nos aguenta, que nos da vida! Comer é vida, é energia para as nossas células. Quem não come morre. Que cultura é essa que vivemos? Ser magro é mais importante do que ser saudável?

Me respondam seriamente, o que vocês querem ensinar aos seus filhos? A serem magros ou serem amáveis, interessados, curiosos, espertos? Me parece que cada dia o mais importante é o que temos por fora. Isso está errado! Nosso corpo é importante porque carrega o nosso ser, a nossa alma.

Se a resposta for a segunda opção, e eu espero do fundo do coração que seja, vamos parar de vangloriar os corpos, criticar e nos massacrar para sermos magros. Nos exercitar ou comer em função de ter o corpo ideal. Vamos mudar de assunto, vamos incentivar as crianças a comer bem porque é saúde, vamos fazer exercício porque faz bem pra nossa saúde mental. Não vamos usar a comida como chantagem, castigo ou prêmio. Vamos elogiar a mente, pelo amor de Deus, parem de elogiar os corpos!

Meu filho/aluno parece que faz errado só pra me provocar

Como vocês devem imaginar, estou em incontáveis grupos de maternidade/educação/professores e etc… e por mais louco que isso possa soar, o que mais vejo/leio são pessoas desesperadas pedindo ajuda por novas estratégias para lidar com suas crianças. Exemplos: “Já tentei de tudo e meus filhos não param de se bater” ou “Meu aluno começa a fazer a maior baderna quando é hora de ficar em silêncio” e também “Me ajudem antes que eu surte!” entre outras…

Sabe aquele momento que você chega a pensar que a criança está fazendo aquilo SÓ para te provocar? Vamos lá, para todos nós não ficarmos loucos (eu sei bem como, às vezes, discutir com uma criança pode enlouquecer o mais são indivíduo).

Vim aqui pra te contar uma coisa: você não está louca (o), provavelmente ela está mesmo fazendo aquilo de propósito.

Mas lembre, sempre gosto de tentar entender a natureza do problema. Por cansaço, falta de tempo, vida pessoal, trabalho…acabamos reparando cada vez menos nas nossas próprias ações.

Pense na sua relação com essa criança: Como ela está? Desgastada? Quais os únicos momentos que você fala com ela? Para dar uma bronca, desencorajar, dizer que o que ela está fazendo é errado? Você já está com a paciência esgotada então tudo que vem dela parece já te tirar do sério? Estou exagerando aqui, e a maioria desses comportamentos a gente faz sem nem perceber…

Pois é, talvez essa criança só esteja implorando pela sua atenção, e já que ela não consegue de algum jeito positivo (ou não o suficiente, algumas crianças demandam mais atenção mesmo) elas vão cavar da maneira negativa, claro, já que ela sabe que é batata: “vou fazer meu irmãozinho chorar, minha mãe vai vir correndo aqui” ou “vou sair correndo agora que é hora de entrar, alguém vai vir me buscar”. E não se engane, a criança pode ter atenção da família, do seu parceiro, dos irmãos, mas o que ela pode estar querendo é a SUA.

Mas e agora? O que eu faço?

Bom, se você observou e chegou a conclusão de que aquela criança realmente está tendo esse tipo de comportamento para chamar sua atenção comece a elogiar e aumentar suas qualidades positivas, mostre a ela que você percebe quando ela faz uma coisa positiva: “Olha, gostei que você colocou seu sapato sozinha hoje” “Que legal você ter ajudado seu irmão a achar o pente”. Chame ela para participar das atividades que você está fazendo, mostre a ela que ela é importante e pode, inclusive te ajudar nas tarefas: “Preciso que você me ajude a cortar esse papel porque sozinha está bem difícil” Envolva a criança: “A mamãe precisa varrer o chão, você poderia esperar 10 minutinhos? Exalte tudo o que for positivo, mostre que você vai dar atenção a ela quando a atitude for positiva, fique feliz com as pequenas conquistas da criança e demonstre, é muito mais legal receber elogios do que críticas, não é mesmo? Reconheça os sentimentos: “Nossa você devia estar muito irritado para morder o seu amigo, né? mas não demonstramos raiva assim…”

Se você notar que uma criança precisa de mais atenção do que outra, não tem problema, dê a ela o que ela precisa. Somos diferentes, o que quer dizer que tratando duas crianças exatamente da mesma maneira, elas podem não dar as mesmas respostas. O que funcionou para você, para o seu irmão, para outro aluno ou para o seu filho mais velho pode não funcionar para o próximo.

Ah, claro, mais importante de tudo: educação é trabalho, é processo. Não adianta fazer isso durante 1 dia e já esperar resultado. Ah se fosse fácil…

 

Meu filho só fala: “não” – o que será que ele quer dizer?

Sabe aquela criança que tudo que você pede ela fala não? Até mesmo quando ela quer fazer aquilo, parece que a única palavra que ela sabe falar é não?

Primeiro vamos nos perguntar como nos relacionamos com as crianças diariamente; quais são as palavras/frases/expressões que mais usamos? Será que nós mesmos não usamos expressões muito negativas?

Por exemplo: quando uma criança está fazendo algo que não “devia”, como nos comportamos? Dizemos que ela não pode fazer o que faz, não é mesmo? Como? Focando no que ela está fazendo de errado ou no que ela poderia estar fazendo certo?

Vou te mostrar como podemos reformular nossas frases, sem ser tão negativos o tempo todo, e ainda trazendo soluções para as atitudes que não deveriam estar acontecendo. Se você mostra para a criança o que ela deveria fazer ao invés do que ela não deveria estar fazendo surte muito mais efeito, e ainda desenvolve uma relação bem melhor entre vocês dois.

Muito simples: vou explicar!

Se a criança está derrubando a comida do prato no chão o que eu falo: “Não pode derrubar comida no chão”, como eu posso repensar essa frase? “Comida fica dentro do prato”. Falei a mesma coisa sem usar conotação negativa.

“Não pode correr”  —> agora é para andar

“Não grita”   —-> estamos em um ambiente fechado, usamos a voz baixa

“Não pode bater no amigo/irmão”  —-> tratamos o outro com gentileza, carinho e amor

“Não fale de boca cheia” —-> quando comemos não falamos, espere acabar de comer para falar

Estão vendo quantas vezes falamos não sem perceber? O que a criança mais escuta é o que ela vai reproduzir, concorda? É um exercício constante e diário, nós acabamos muito nervosos e cansados até para tratar o outro com mais paciência e compreensão. Vamos tentar fazer um esforço para pensar e reformular as nossas frases antes de falá-las. Não é fácil, mas te convido pra esse desafio!

Sobre controlar as emoções – será que devemos controlá-las? 

Que parte da nossa vida pulamos que hoje, adultos, não conseguimos expor qualquer sentimento que não seja felicidade? Por que temos tanto medo de nos mostrar vulneráveis? Capazes de nos frustrar, sentir medo, tristeza e raiva? O que isso tem a ver com uma tendência a diagnosticar todo sentimento que não foi bem externalizado como doença psicológica e tratamentos psiquiátricos? 

Me pergunto todos os dias em que momento poderíamos ter aprendido a controlar as nossas emoções melhor, mas sempre me deparo com a mesma constatação. Quem foi que disse que nossas emoções precisam ser controladas? Quem foi que te disse que existem sentimentos que não devem ser sentidos? 

Vamos voltar lá atrás, na infância (claro) 

Quantos adultos já te disseram pra engolir o choro? Que aquilo que te preocupava não era motivo de preocupação? Que você não podia sentir raiva que fazia mal pro estômago? Que “já passou, não foi nada”. “Não precisa chorar, olha aquele passarinho!” Isso é reprimir!! Fomos ensinados a não sentir!! 

Agora me explica qual a vantagem de passar a vida inteira tentando esconder os sentimentos?  Ao invés de aprender como lidar com eles? Óbvio que uma hora você explode, na minha visão não há nada mais natural do que o corpo entrar em colapso. E é assustador o quão cedo as pessoas estão entrando em colapso hoje em dia. 

Estou aqui para fazer um apelo (mais um): 

Não vamos mais falar o que falaram pra nós quando crianças, precisa falar que não está dando certo? Vamos mudar o discurso, que tal? 

RECONHEÇA O SENTIMENTO: Empatia DIRECIONE A CRIANÇA PARA UM LUGAR SEGUTO QUE ELA POSSA EXPRESSAR ESSE SENTIMENTO 

– Chora mesmo se você está triste, vai deitar ali no travesseiro e chore o quanto você quiser.

– Não precisa explicar para ninguém, chorar faz bem. Estou aqui se quiser conversar. 

– Nossa, isso deve ter doído. Consegue se levantar? 

– Nossa que nervoso que você deve estar passando, quer ir no banheiro gritar? 

 – O meu corpo não é para chutar/bater/morder. Vem aqui que eu te mostro uma bola que você pode chutar porque está nervoso. 

Meu filho dá trabalho pra comer – Venha ler algumas dicas do que fazer!!

Você é daquelas mães que implora pro seu filho raspar o prato? Fica dando a comida na boca, negociando o prêmio que ele vai ganhar se comer tudo? Fica extremamente preocupada, se ele não come no horário que você estipulou para a refeição, enche ele de besteiras só pra ele não ficar sem comer nada? Chocolate, salgadinho, bolacha…só pra garantir que ele não vá morrer de fome?

Pois é, deixa eu te contar uma coisa bem dura de ouvir: o seu comportamento faz com que o seu filho não coma direito. É você que tem que mudar, e o quanto antes. Uma coisa que eu aprendi aqui no Canadá foi: ser BEM MAIS firme com as crianças e não menosprezar a inteligência delas. Não dê chance e nem motivo para a birra. Primeiro de tudo, sobre a comida:

1- NUNCA devemos ensinar as crianças que elas precisam comer até se estufar. Isso é um comportamento que devemos aprender desde pequenos e não “desaprender” quando adultos. Não estou mais com fome: não preciso mais comer. Simples assim. Quem sabe quando acabou a fome? Somente a pessoa que está comendo. Imagina alguém enfiando comida na sua boca e você sem aguentar mais comer? Incentive a autonomia e o conhecimento do próprio corpo. A criança deve saber quando está com fome e também quando não aguenta mais comer.

2- Coloque o momento da refeição na rotina da casa: todos os dias no mesmo horário e com todos sentados na mesa (todos que estiverem na casa, pelo menos). Comer assistindo TV, jogando no tablet enquanto alguém te alimenta, não são maneiras de criar um ambiente saudável. Coma você na frente do seu filho, as mesmas coisas que ele está comendo: seguir o modelo é o melhor jeito de ensinar.

3- Escolha um cardápio variado e deixe sempre muitas opções na mesa: não estou falando de várias proteínas, menu de restaurante. Mas coloque várias opções, não precisa ter sido feito na hora: salada, pão, arroz/macarrão, fruta, vegetais diversos. Uma das coisas o seu filho vai comer. E não precisa ficar o forçando a comer os vegetais, acontece naturalmente. Precisa experimentar, uma mordida só para conhecer o gosto.

4- Deixe o seu filho se servir: ele coloca no prato o que quiser e a quantidade que quiser. Respire fundo neste item se na hora já pensou na bagunça que ele vai fazer: é importante.

5- Não use a comida como negociação de nada: exemplo: “vai ficar sem almoçar se fizer isso”, “só vai ter sobremesa se comer a comida até o final”. A criança precisa entender que não está te fazendo um favor quando ela come, ela come por uma questão fisiológica, é pra ela mesma.

6- Não dê comida na boca: encoraje o seu filho a comer sozinho desde que começar os alimentos sólidos. Corte em pequenos pedaços para que ele possa comer usando as mãos e vá iniciando os talheres aos poucos.

7- Não tem comida fora do horário: não quis comer na hora do almoço? Azar o seu, vai ter que esperar o lanche da tarde. Você pode adiantar um pouco a próxima refeição, mas não abrir exceção porque ele fez um escândalo e se jogou no chão. Use o seu julgamento, em caso de enfermidade, mas o principal é seguir a rotina todos os dias.

Não vamos encorajar ainda mais a ansiedade na comida, comer deve ser para matar a fome e não para deixar a mamãe feliz. Incentive a autonomia da criança, desenvolva um relacionamento desde pequeno com a comida. Rotina é importante, todos os dias no mesmo horário. Não amoleça, a firmeza é importante para que a criança não ache que ela pode mandar em você. Muito difícil? Não vai dar conta? TENTE. Dê uma chance e me escreve contando como foi!

Baby Sleep Training

Resolvi escrever esse post porque até agora estou um pouco desacreditada com uma prática que, até então não conhecia, de ajudar o seu bebê dormir a noite inteira, sozinho. Queria enfatizar que não estou dando a minha opinião (dizendo se concordo ou não com a abordagem), só explicando como funciona e dizendo que aqui no Canadá 99% dos pais utilizam essa prática.

Comecei a ajudar uma amiga com o bebê dela de 11 meses e vi, com os meus próprios olhos, o resultado de duas semanas de sleep training aos 6 meses. Vi uma criança que, quando colocada ao berço, deita e dorme sozinha e só acorda no dia seguinte. Não chora, não reclama, não fica nervosa. Uma criança que, aparentemente, consegue se acalmar sozinha a ponto de pegar no sono e mantê-lo durante a noite inteira.

Fiquei tão curiosa com isso que fui pesquisar. Descobri um site que explica passo a passo (em inglês) então só vou traduzi-lo. Link para texto original: https://www.babycenter.com/0_baby-sleep-training-the-basics_1505715.bc  

O que é o Sleep Training?

É o processo de ajudar o bebê a começar a dormir sozinho, e continuar dormindo durante a noite inteira.

Para alguns bebês é mais fácil e rápido. Mas uma grande maioria tem grande dificuldade em se acalmar ou a voltar a dormir sozinhos quando acordam no meio da noite. Descrevemos a seguir as principais abordagens: cry it out, no tears and fading

Quando posso começar o treinamento?

A maioria dos profissionais recomendam começar entre os 4 e 6 meses de idade. A partir dos 4 meses, os bebês, em sua maioria, já tem o ciclo mais regular de acordar-dormir, já não estão mais mamando a noite inteira e conseguem alongar o período de sono durante a noite. Esses são os sinais de que ele deve estar pronto para começar o Sleep Training.

É claro que cada bebê é diferente. Alguns ainda podem não estar preparados até um pouco mais velhos. Alguns bebês já dormem 7 horas seguidas durante a noite, outros ainda não. Se você tem dúvidas, pergunte ao seu médico.

Como se preparar para o Sleep Training?

. Introduza uma rotina para a hora de dormir: pode começar desde pequeno, 6 semanas, mas não se preocupe se o bebê já for mais velho – nunca é tarde. A rotina pode incluir um banho quente, um livro, uma música. O importante é que seja feita a mesma todos os dias.

. A escolha do horário é importante: profissionais recomendam entre as 7 e 8 da noite. Assim o bebê não estará tão cansado e/ou brigando para dormir.

. Siga a mesma rotina todos os dias: tente tirar o seu bebê do berço todos os dias no mesmo horário, o alimentá-lo e colocá-lo para a soneca também no mesmo horário. Ter esses horários fixos o ajudam a relaxar e se sentir seguros. São esses bebês que adormecem com mais facilidade.

. Tenha certeza que o seu bebê não tem nenhuma condição que afete seu sono: consulte seu médico.

Quais são as abordagens disponíveis?

Existem diferentes métodos saudáveis para o seu bebê. Mas qual devo usar? Isso vai depender qual o seu filho vai responder melhor e a que você se sentir mais confortável também.

Enquanto profissionais continuam a debater qual é a melhor opção, mais importante que o método é a consistência. Qualquer técnica é eficaz se for feita com consistência.

Escolha um método e vá em frente. Seja flexível na hora de começar e observe como o seu bebê vai reagir. Se perceber muita resistência ou uma regressão no comportamento e humor, pare e espere algumas semanas para começar de novo, mas dessa vez, escolhendo uma abordagem diferente.

A maioria dos métodos seguem uma dessas abordagens básicas:

Abordagem Cry it out:

Os defensores dessa abordagem dizem que dormir pegar no sono sem ajuda é uma habilidade que o bebê tem capacidade de aprender, se tiver oportunidade. A ideia de que o seu filho se acostumar com você o balançando, no seu colo, ele não aprenderá a dormir sozinho, vai sempre pedir ajuda. Por outro lado, se ele aprender a dormir sozinho, ele também conseguirá fazer o mesmo se acordar de madrugada por algum motivo.

Choro não é o principal objetivo desse método, mas uma consequência. Especialistas dizem que não tem problema deixar o seu filho chorando e sair do quarto. Porém, não aconselham deixá-lo chorando um tempo indeterminado, tudo deve ser bastante observado e controlado pelo adulto. O método consiste em colocar o bebê no berço enquanto ele ainda está acordado, o permitindo chorar por períodos curtos, o acalmando sem pegá-lo no colo (pode ser apenas fazendo carinho, mas sem tirá-lo do berço).

A abordagem mais conhecida do método Cry it out foi desenvolvida pelo pediatra Richard Ferber, diretor do centro de pediatria de problemas para dormir do Children’s Hospital em Boston. Ferber diz que para pegar no sono sozinho e dormir durante a noite inteira, os bebês precisam primeiro aprender a se acalmar sozinhos. Ferber acredita que ensinando o bebê a se acalmar involve deixá-lo chorar sozinho por algum tempo.

Abordagem No Tears:

Se você não se sente confortável com a ideia de deixar o seu filho chorando, ou tentou o método acima e não funcionou, você deve considerar essa abordagem mais gradual e com menos lágrimas.

Especialistas desse método incentivam uma abordagem com mais processos. Acalmando o bebê e oferecendo conforto sempre e na mesma hora que a criança começa a chorar. O pediatra William Sears, autor do livro The Baby Sleep acredita nesse método. Educadora de pais Elizabeth Pantley ressalta a importância do passo a passo No tears no seu livro The No-Cry Sleep Solution. 

No Tears é considerada uma abordagem mais carinhosa e focada no seu bebê. Ele recomenda ajudar pacientemente o bebê a dormir no tempo que ele precisar. Funciona dormindo junto, fazendo carinho ou balançando até pegar no sono. Mas o mais importante: responder às necessidades do seu filho assim que elas surgirem, se chorar, aparecer no quarto dele na mesma hora e começar tudo outra vez.

Abordagem Fading:

Nessa abordagem, os pais gradualmente diminuem seu papel na hora do sono do bebê. Dos dois métodos, esse é um “meio termo”. Os pais precisam estabelecer um momento para o bebê conseguir se acalmar sozinho, e ao mesmo tempo, mostrar que estão ali caso algo aconteça. Estabelece-se um período em que deixamos o bebê tentando se acalmar sozinho antes de intervir, e esse período vai ficando cada vez maior para o bebê e menor para os pais.

Funciona assim: os pais devem sentar em uma cadeira do lado do berço até o bebê dormir, essa cadeira será gradualmente (cada noite) movida cada vez mais longe do berço. Outra característica dessa abordagem é checar o bebê a cada 5 minutos e acalmá-lo fazendo um carinho, sem pegar no colo, até o bebê dormir.

O objetivo é dar tempo para o bebê entender como ele vai conseguir se acalmar sozinho. Dê a oportunidade para o bebê “tenta” antes de sair correndo e pegá-lo no colo. Comece de perto o incentivando e dizendo que ele consegue, e cada vez mais vá se afastando. “A ideia é ser um treinador, não uma muleta”, diz Kim West, clínico social e autor do livro The Sleep Lady’s Good Night, Sleep Tight, que aborda estratégias dessa abordagem.

Eu tenho que usar o método Sleep Training com o meu filho?

Não. Os pais decidem por alguns métodos mais extremos quando estão cansados ou frustrados com os hábitos de dormir dos seus filhos, e nada do que eles tentaram funcionou. Se você está feliz do jeito que as coisas estão indo, agradeça e continua desse jeito.

Famílias podem ter diferentes expectativas e tolerâncias. Uma criança de 9 meses que acorda duas vezes na noite, pode ser o fim do mundo para uma família, mas extremamente natural para outra. Se o sono do seu filho não está indo bem, você saberá. Você pode procurar ajuda médica ou optar por métodos ensinados por especialistas.

DICAS QUE SERVEM PARA TODOS:

  • Não ajude o seu bebê demais. Deixe ele encontrar uma posição mais confortável sozinho ao invés de colocá-lo do “melhor” jeito. Quando ele acordar, pense algumas vezes antes se ele precisa mesmo da sua ajuda para voltar a dormir.
  • Espere algumas lágrimas, é normal. Os bebês não gostam de mudanças, e chorando é o jeito deles de expressar isso. Mas eles são extremamente adaptáveis a novas rotinas, e o choro não deve durar muito.
  • Ofereça um objeto de conforto. Algum bichinho de pelúcia, uma naninha, podem servir para a transição mais confortável de rotinas, segurança em lugares em que estejam “sozinhos”.
  • Seja consistente. Se todos os cuidadores não estiverem trabalhando da mesma forma, vai demorar mais tempo para o bebê aprender. Garanta que o mesmo trabalho esteja sendo feito com todas as pessoas que colocam o bebê para dormir.
  • Escolha um horário amigável: não coloque o seu filho para dormir muito tarde, bebês muito cansados demoram mais a dormir e acordam mais a noite.

 

 

 

 

 

 

 

 

Por que não devemos forçar crianças a dividir seus brinquedos?

Quem tem mais de um filho ou quem trabalha com Ed. Infantil sabe que uma das coisa mais difíceis é conseguir ensinar para um Toddler (crianças de até 2 anos e meio) dividir seus brinquedos. Hoje estou aqui para te dizer que: não precisa fazer ele dividir, ele não está pronto para isso, e deve ser respeitado. Imagina que desagradável se alguém tomasse o seu celular da sua mão e dissesse: “Seu amigo também quer brincar, deixa ele usar um pouquinho”. :/

Vou explicar: habilidade de compartilhar um brinquedo é apreendida e caminha lentamente com o desenvolvimento da criança. Nos momentos de conflito o que deve ser estimulado é a habilidade social e a linguística.

Mas como que eu faço?

Numa sala de aula de Toddlers, o ideal é sempre ter muitas unidades dos mesmos brinquedos. Dessa forma, quando algum conflito acontecer, você chama o fulano (sempre o que está tentando tirar o brinquedo das mãos do amigo) e mostra pra ele: “Esse brinquedo o seu amigo está brincando, mas olha ali! Tem outro carrinho igual a esse, por que você não pega aquele pra brincar?” E para a criança que teve o brinquedo tomado pelo amigo você estimula a reação: “Fulano, explica para o seu amigo: Minha vez”. Peça para a criança repetir: “Minha vez” (estímulo de linguagem)

Quando a criança aprende que ela precisa reagir verbalmente quando um amigo toma algo das mãos dela, são vários crescimentos: usar suas palavras para resolver um conflito (isso é gigante para um Toddler – a primeira opção é sempre usar o corpo: morder, bater…) e não deixar alguém tomar algo das suas mãos, reagir, não ser passivo frente a uma situação que te incomodou. Os Toddlers estão aprendendo a controlar suas emoções, novos vocabulários, se reconhecer como indivíduo e reconhecer o outro…

Mas e se a criança for mais velha?

Aí a coisa muda de figura. Conforme as crianças vão crescendo, o ideal é o número de brinquedos iguais na sala de aula irem diminuindo. Por quê? Exatamente porque as habilidades a serem trabalhadas com essa faixa etária são outras (aqui estou falando de crianças de 3 a 5 anos). Mas quais são elas? Social, Resolução de problemas, Respeito, Cooperação, Se colocar no lugar do outro. 

Mas por isso devo obrigá-lo a dividir? Claro que não!

Neste caso, quando houver um conflito, você deve estimular a criança que está sendo perturbada a reagir: “Fulano, fala para o seu amigo que agora é a sua vez de brincar com o carrinho”. Se a criança estiver falando e mesmo assim o outro não estiver ouvindo e continua puxando o brinquedo, diga para o outro: “Fulano, ouça as palavras do seu amigo, ele está querendo te dizer algo”. Estimule a resolução de problemas: “Tive uma ideia, quanto tempo mais você quer brincar com esse brinquedo?” Já que seu amigo também quer, quando você acabar você poderia deixar ele brincar um pouco?” A criança vai entender, vai dividir no tempo dela e o outro vai saber esperar, ou de repente vai até achar um outro brinquedo para brincar nesse meio tempo.

Assim, você estará estimulando resolução de problemas, cooperação e respeito. Nunca force uma criança a dividir, não retire o brinquedo das mãos dela. Dessa forma você só estará reforçando uma atitude que você não quer que ela tome.

Lembre-se: algumas atitudes não deverão ser aceitas em uma sala de aula e como professor, é seu dever, ficar ligado nesses detalhes. Preste atenção quem estava com o brinquedo primeiro, ou para os menores: morder e bater não são comportamentos aceitos, não devem passar ignorados, o tempo todo o estímulo do controle emocional e da linguagem devem ser estimulados.

 

10 estratégias que ajudam a acalmar uma criança em momento de estres

Diante de toda a polêmica do outro post, resolvi compartilhar com as pessoas algumas estratégias que eu uso para ensinar a criança a se acalmar. São diferentes ambientes na sala de aula que estimulam a criança, conforme o tempo vai passando, a se dirigir automaticamente a eles quando se sentir “descontrolada”. Lembrando que o controle emocional é uma habilidade que a criança desenvolve durante a primeira infância, ninguém nasce sabendo se acalmar sozinho, e claro, dependendo do ambiente que essa criança está inserida e sua idade, fica cada vez mais difícil. Mas vamos falar de soluções:

  • Ficar um tempo sozinha

Ofereça para a criança ir se acalmar em outro ambiente (pode ser no hall da sala, pode ser atrás da cortina, pode ser deitada em algumas almofadas) – todos eles que possam ser supervisionados por um adulto.

  • Respirar fundo

Pedir para a criança respirar fundo, respirar você também calmamente na frente dela, oferecer uma bexiga (real ou imaginária) para encher com a sua respiração.

  • Conversar com um adulto

Oferecer a sua completa atenção caso uma criança esteja precisando conversar, pode perguntar: “Eu estou aqui para te ajudar, tem algo que você gostaria de me falar? Quer conversar comigo em algum lugar? Venha, eu vou com você”

  • Beber água

Oferecer um copo de água, precisamos naturalmente controlar a nossa respiração enquanto bebemos.

  • Olhar através da janela

Observar outros ambientes, outras pessoas em outras situações tiram e ajudam o corpo se acalmar.

  • Escrever um bilhete

Organizar na sala de aula um ambiente que possibilite a criança escrever um recado para alguém (individualmente) sobre o que quiser. O papel deve dar a impressão de uma carta/torpedo/mensagem na qual a criança possa se expressar sobre algo que aconteceu, ou algum sentimento que sentiu ou ainda sente.

  • Fazer algum exercício físico

Estimular a criança a se movimentar (usando o seu corpo e não o de outra pessoa) para “suar” a raiva, o nervoso…

  • Organizar/Arrumar algo

Dar alguma tarefa para a criança, algo que ela possa se concentrar em fazer, desacelerando a cabeça e acalmando o seu corpo.

  • Olhar um álbum de fotos

É legal sempre ter na sala de aula fotos da família, escolhidas pela criança. Algumas crianças se acalmam bastante em olhar seus familiares, lembrar de situações.

  • Nomear o sentimento

Oferecer várias opções para a criança e ao mesmo tempo, nomear o que ela está sentindo: “Você está se sentindo assim, pois está com raiva, está frustrado porque não quer fazer XYZ. Vou te ajudar a se acalmar, você quer ir lá atrás da cortina e ficar um tempo sozinho?”

Cada criança é uma, e é por isso a importância do professor (ou responsável) a conhecer bem para conseguir ajudar e oferecer o melhor caminho para o auto controle. Lembrando que a criança não aprende sozinha, algumas tem mais facilidade que outras, o que não significa que não precisem de ajuda. Observe, conheça com quem está lidando, esse é o segredo.

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