Diferenças entre punição e consequência natural

Por que nós professores temos tanto pavor de punição? Além de ser uma palavra muito forte, não surge o efeito que deveria. As crianças não tem uma abstração mental tão desenvolvida para perceber que ela está de “castigo” por algo errado que fez.

Vou explicar:

Se eu tenho um aluno que está batendo/mordendo o que eu chamaria de punição: dar uma bronca e colocá-lo para pensar sentado afastado dos amigos. Você acha mesmo que colocar uma criança para pensar vai fazê-la refletir sobre seus erros e como poderia ser uma pessoa melhor? Isso é exigir um amadurecimento que a criança não tem. Não podemos exigir mais do que ela pode nos dar, é covardia. Desgasta o nosso relacionamento com a criança a toa, e nos faz criar uma certa “birra”, pois a todo momento estamos excluindo do grupo e expondo para os demais.

Castigo para pensar só estressa, envergonha e desestimula qualquer criança. 

Mas então qual a solução?

A diferença da consequência natural, seria uma intervenção menos traumática para a criança, mas que tem muito mais efeito, pois ela depende e se adequa a qualquer situação. Se uma criança morde, na hora da mordida eu corrijo o comportamento (dizendo: mordida machuca o amigo, nós fazemos carinho), mas não excluo da situação. Chamo a criança para ver o que ela fez e ajudar a cuidar do amigo que ela machucou (levando para lavar, passando um creme, colocando gelo).

Muitas vezes a criança só está fazendo para chamar a atenção do adulto. Não dê atenção (bronca, castigo) em situação negativa. Por outro lado, dê muita atenção positiva quando a criança fizer algo certo, corajoso, independente, amigável.

Em outros casos, se a criança estiver tendo um comportamento inadequado em uma atividade, eu simplesmente direciono ela para outra brincadeira. Se ela não está sabendo se comportar, eu pego na mão dela e ofereço outra possibilidade dizendo: “Estou percebendo que você não está conseguindo dividir esse brinquedo, deixe ele aqui e vamos procurar outro”.

O segredo é a firmeza e a constância, não gritar, não demonstrar para a criança que aquilo te irritou. Proibir a criança de comer, brincar ou participar não é solução.